terça-feira, 23 de junho de 2020

COM ELA













Molhar as plantas na varanda, conversar com elas, deixar o chão brilhando molhado, abrir um sorriso e recomeçar. Gestos de quem ama ser amada e que precisa de pouco para encontrar um motivo pra uma risada, pra uma brincadeira. Mas uma palavra torta, um pensamento torto, uma escolha pelo lucro em troca da liberdade fazem a lágrima nascer, e só não escorre, manchando o rosto brilhante porque lá vem mais uma ideia pra abastecer a criação. É a arte que expressa a luz que vem da mulher criança que subia nas paredes, nos galhos mais altos, no topo dos postes da praça e acenava para o vento sua vontade de voar. Sem passaporte nem passagem Letícia pousou em todas as obras de todas as artes, do seu pai, aos seus mentores. Lá do alto ela ouviu os sabiás e bem-te-vis que soam na sua voz e no violão, que agora são as crianças do seu ateliê que ouvem pra reconstruir seus futuros.
 E agora nesse turbilhão entre as dores e os desafios, põe o coração na frente de batalha e faz para as crianças e famílias a prova de que não precisa de prova, de nota, de avaliação pra encontrar caminhos sensíveis para o aprender. É como uma planta semeada por um passarinho, se crescer querida, cuidada, amada, mesmo sem nome nem história comprida, vai fazer alegria nascer a cada gota de água ou de lágrima.  

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